segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sexo NERD


Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco - Recife, que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa. Muito boa!

Transa Gramatical
 

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice..

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.

Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num  vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou
levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.

O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

3 comentários:

Christian Leal on 13 de dezembro de 2010 às 21:25 disse...

Bem legal!!!

Paulo Tamburro on 14 de dezembro de 2010 às 11:20 disse...

OH CAROL,

instigante esta conjunção.

No mínimo, esta inteligente aluna pernambucana, mandou um belo recado para professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa, que promoveu o concurso.

E quem sabe se professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa, que promoveu o concurso e esta aluna inteligente, não terminaram o dia entre colchetes?

Porém, OH CAROL,tudo é pretexto para que eu possa de forma singela e emocionada, mandar-lhe a música da sua vida, em novas versões e tempos diferenciados.

Confira OH CAROL.

Oh, Carol!
Sem o teu amor
Tudo é tristeza
Tudo é um horror.

Teus olhos
Sempre a cintilar
São duas estrelas
Sempre a me guiar

Eu não sei viver sem teu carinho
Não me deixe amor
Sou ave sem ninho
Sem o teu calor

Este imenso amor não tem mais fim
Volte por favor
Oh, Carol
Tem pena de mim...

Oh, Carol!
Sem o teu amor
Tudo enfim é tristeza
Tudo enfim é um horror.

Teus olhos, Carol
Sempre a cintilar
São duas estrelas
Sempre a me guiar


(PARA OUVIR COPIE E COLE)


http://www.youtube.com/watch?v=5FotLUqMZyU

Daniel Savio on 16 de dezembro de 2010 às 15:11 disse...

Em que disse que a linguar portuguesa não é afrodisiaca?

Fique com Deus, menin Carol Maia.
Um abraço.

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Sexo NERD

Redação feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco - Recife, que venceu um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa. Muito boa!

Transa Gramatical
 

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice..

De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.

Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.

Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num  vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.

Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou
levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.

O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

3 comentários:



Christian Leal disse...

Bem legal!!!

Paulo Tamburro disse...

OH CAROL,

instigante esta conjunção.

No mínimo, esta inteligente aluna pernambucana, mandou um belo recado para professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa, que promoveu o concurso.

E quem sabe se professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa, que promoveu o concurso e esta aluna inteligente, não terminaram o dia entre colchetes?

Porém, OH CAROL,tudo é pretexto para que eu possa de forma singela e emocionada, mandar-lhe a música da sua vida, em novas versões e tempos diferenciados.

Confira OH CAROL.

Oh, Carol!
Sem o teu amor
Tudo é tristeza
Tudo é um horror.

Teus olhos
Sempre a cintilar
São duas estrelas
Sempre a me guiar

Eu não sei viver sem teu carinho
Não me deixe amor
Sou ave sem ninho
Sem o teu calor

Este imenso amor não tem mais fim
Volte por favor
Oh, Carol
Tem pena de mim...

Oh, Carol!
Sem o teu amor
Tudo enfim é tristeza
Tudo enfim é um horror.

Teus olhos, Carol
Sempre a cintilar
São duas estrelas
Sempre a me guiar


(PARA OUVIR COPIE E COLE)


http://www.youtube.com/watch?v=5FotLUqMZyU

Daniel Savio disse...

Em que disse que a linguar portuguesa não é afrodisiaca?

Fique com Deus, menin Carol Maia.
Um abraço.

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